Ingredientes:

sonhos (quanto mais velhos,
como pão dormido, melhor),

realidade
(a melhor é a bem verdinha,
brotando o dia inteiro)
e a lembrança da primeira chuva
tomada quando foi ao cinema
com o primeiro namorado.

Separe a realidade
em porções iguais
e coloque um pouco de sonho
dentro de cada uma.

Regue com a água
que a memória guardou
da primeira chuva.
Cuidado, não exagere!
Se ficar doce demais,
coloque algumas gotas
do primeiro choro de amor.

Cuide bem de seus sonhos:
às vezes querem a luz do sol,
outras a escuridão da noite,
às vezes querem ouvir o silêncio
do tempo, outras o barulho
de vidas sendo erguidas.
É difícil entendê-los,
temos que ter calma e amor.

Deixe repousar.

Em breve seus sonhos
serão grandes árvores,
estendendo seus braços
para o céu.

Transplante-as então para o papel,
ou então faça um jardim.
O mapa do jardim será
seu, para entregar
a quem merecer.

 

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Celi Poesias