Que tarde nasce o sol, que vagaroso!
Parece que se cansa de que a um triste
Haja de aparecer: quando resiste
A seu raio este sítio tenebroso!

Não pode ser que o giro luminoso
Tanto tempo detenha: se persiste
Acaso o meu delírio! se me assiste
Ainda aquele humor tão venenoso!

Aquela porta ali está cerrando;
Dela sai um pastor: outro assobia,
E o gado para o monte vai chamando.

Ora não há mais louca fantasia!
Mas quem anda, como eu, assim penando,
Não sabe quando é noite, ou quando é dia.



Autor: Cláudio Manoel da Costa




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