Suave fonte pura,
Que desces murmurando sobre a areia,
Eu sei que a linda Glaura se recreia
Vendo em ti dos seus olhos a ternura;
Ela já te procura;
Ah! como vem formosa e sem desgosto!
Não lhe pintes o rosto:
Pinta-lhe, ó clara fonte, por piedade,
Meu terno amor, minha infeliz saudade.

No ramo da mangueira venturosa
Triste emblema de amor gravei um dia,
E às Dríades saudoso oferecia
Os brandos lírios, e a purpúrea rosa.
Então Glaura mimosa
Chega do verde tronco ao doce abrigo...
Encontra-se comigo...
Perturbada suspira, e cobre o rosto.
Entre esperança e gosto
Deixo lírios, e rosas...deixo tudo;
Mas ela foge (Ó Céus!) e eu fico mudo.

Não desprezes,ó Glaura, entre estas flores,
Com que os prados matiza a bela Flora,
O jambo, que os amores
Colheram ao surgir a branda aurora.
A Dríade suspira,  geme e chora
Aflita e desgraçada.
Ela foi despojada...os ais lhe escuto...
Verás neste tributo,
Que por sorte feliz nasceu primeiro,
Ou fruto que roubou da rosa o cheiro,
Ou rosa transformada em doce fruto.



                                        Autor:
Silva Alvarenga
 

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