De tanto em tanto me permito sonhar,
Longe da lucidez dos meus pensamentos encontro paz.
De tanto em tanto me permito chorar,
É quando o suplício dos meus olhos se converge em lágrimas,
Como se pudessem lavar minha dor.
Mas, volto a sonhar, prefiro sonhar,
Esquadrinhando em devaneios,
A cura dessa ansiedade néscia que brada teu nome em ecos
dentro de mim.
Há tempos tenho um coração conflitante,
Porém, meu corpo faz-se seguro da certeza que tem.
Pasmem os que me ouvem, nem todos me entenderão,
Mas, não me tornarei um incompreendido,
Se seus ouvidos minha voz atingir.
Quem dera meus olhos pudessem ver o que os seus escondem.
Exploraria cada canto do seu ser,
Até que encontrasse, enfim,
Um mínimo motivo que mantivesse em mim
A esperança de um dia tê-la em meus braços.
Meu coração é terra fértil e sabes bem que semeastes nele a
flora do amor,
A qual com lágrimas reguei,
Até que, enfim, brotou um lírio,
Tão perfumado quanto o ar que te cerca,
Que, assim como a alma deste poeta,
Conjetura ser inspirado por ti.
Mas, tudo agora em mim é dor.
Estranha dor de quem anda só,
Tropeçando nas migalhas que você deixou pelo caminho.
Sou como lenha seca a ser lançada ao fogo.
Mas, a despeito disso, te espero,
Ou, ao menos, me permito sonhar.
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