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De: Renato Macedo Dias, dedicado
àquela que, coberta por um véu ruivo,
carrega em si todo o torpor.
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Naquele momento em que a vi pela
primeira vez, entrando pela porta, linda;
Naquele momento eu te amei.
Naquele momento em que a vi sorrir, e dentro de mim um novo mundo
nascer;
Naquele momento eu te amei.
Naquele momento em que meus olhos fitaram os teus e, pela primeira
vez,
se sentiram coagidos;
Naquele momento eu te amei.
Naquele momento em que conversávamos, e eu não via algo mais senão o
movimento dos seus lábios, como a balbuciar a mais perfeita nota
musical;
Naquele momento eu te amei.
Naquele momento em que a menina que existe em você fez o menino, que
insiste em não morrer em mim, sorrir alegremente;
Naquele momento eu te amei.
Naquele momento em que me flagrei aflito com o lento caminhar das
horas e dias, agoniado por há tempos não contemplar um sorriso teu;
Naquele momento eu te amei.
Naquele momento em que, envolto em teus braços, vi a primavera, ardi
como o verão, levitei como o vento do outono e, após desenlaçar-me
de ti,
senti-me esfriar como o inverno;
Naquele momento eu te amei.
Naquele momento em que meus lábios tocaram os teus pela primeira vez
e, como num déjà vú incessante, a cena se repetia em minha memória;
Naquele momento eu te amei.
Naquele momento em que nós, envoltos, agíamos e sentíamos como se
apenas um fôssemos, embebidos pelo fulgor de duas almas que se
desejavam e redescobriam um sentimento até então esquecido, coberto
pelas marcas da vida;
Naquele momento eu te amei.
Naquele momento em que meus olhos a viram partir, sumir pela
estreita rua, num caminhar semelhante a passos de uma valsa. Quanto
mais afastava-se, mais eu sentia seu aroma em minha pele. Mais eu a
sentia me preencher de tal forma que me parecia estar prestes a
explodir num misto de alegria e paixão.
E, naquele momento, naquele esplêndido instante, foi quando eu mais
a amei. Sim! Pois tendo você dentro de mim e amando-a profundamente,
pude eu, enfim, me amar também...
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Celi Poesias |
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