"Esta é
minha história de amor vivida há alguns anos.
Ela encontrou alguém. Alguém especial. Alguém que a amaria
para sempre, daria mais que receberia. Amaria quase
incondicionalmente. Como recusar? Apesar da pouca idade ela
sabia que não era fácil encontrar alguém que a amasse tanto
assim, apesar de não lhe faltarem pretendentes.
Não estava apaixonada. Não. Mas estava deslumbrada demais com
o amor, e não poderia dizer não. Assim, numa tarde de
novembro, trocaram as alianças. Tão novos. Mas felizes.
Mudaram-se para uma casinha adorável e todos lhe felicitaram.
Até que, um dia, aconteceu. Algo que jamais lhe ocorrera, ou
sentira. O choque foi mútuo, e tão forte, que a assustou.
Passara-se meses de casamento, ela conheceu outro alguém.
Alguém que não a amaria tanto, talvez. Mas algo ardeu lá
dentro. Queimou até. Não podia continuar aquela amizade, pois,
ela percebeu que o mesmo ocorria com o amigo. Foi mútuo, mas
foi mudo também... uma paixão nunca declarada. Nunca, nem ela,
nem ele, disseram uma palavra sobre o assunto. Mas, como num
passe de mágica, ambos sabiam os pensamentos do outro. Uma
tristeza imensa a tomou... Ela sabia que talvez nunca mais
sentiria algo assim novamente.
Foi na faculdade que tudo começou.
Passaram-se os anos e, ela percebeu, precisava se afastar. O
mais rápido possível. Pois, esperava que o fogo que ardia lá
dentro fosse passageiro. Mas não foi... aumentou. Algo crescia
e precisava ser arrancado antes que fosse tarde demais.
Tomou uma decisão. Talvez a dor mais forte que sentira até
então. Afastou-se do amigo. Disse-lhe qualquer bobagem, mas
ele entendeu. Ela escolhera. A dor foi imensa, pois ainda
precisa ver-lhe todos os dias...
Pensou que então a dor diminuiria... mas aumentou. Precisava
acabar com aquilo. Arrependida de se afastar, pesou-lhe a
consciência, pois perdera um amigo...
Mas não precisaria vê-lo mais, e a tortura acabaria, afinal.
Um último dia, um último adeus. Chegou a formatura então.
Nunca mais lhe falara, e eram tão amigos.
Mas talvez, num gesto único, de perdão, compreensão, amor
até... ele a escolhera para "apadrinhar". Tantas garotas, mas
ele a escolheu, quem sabe, como despedida final. Ele, ao lado
da namorada, ela, ao lado do marido, trocaram seu primeiro e
último abraço. Ela lhe disse um obrigada, em meio às
lágrimas... ele, com um sorriso, lhe disse adeus... Com o
coração partido...sumiu. Para sempre.
Ela entendeu então... não tinha escolha. Pois já a fizera há
muito tempo. E isso mudara toda a sua vida. "
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